Veja bem, esse dia cinza tá me cortando em pedaços. Tenho medo de estar tão triste e nublada como esse céu de comecinho de maio. Tenho medo de deixar transparecer essa minha saudade de todo dia... Tão cortante quanto espada de lutar na guerra. Faz tempo que não choro... Será que ainda sei como se faz pra deixar tanta coisa guardada descer assim pelo rosto? Lavando toda a alma, feito correnteza que a gente não consegue segurar? O tempo passando tão depressa, gente indo embora sem nem dizer pra onde, sem nem dizer se existe alguma chance de retorno... E agora, esse frio nostálgico. Chocolate quente, pés aquecidos, quantas feridas abertas... Não sei o que usar no frio. Não sei como impedir os dias. Não sei o que fazer da vida. Queria alguém pra tocar o meu vazio, sabe? Parar um pouquinho só, pra esquecer que não vai dar pra fugir por muito tempo ainda. A vida tai ó, remexendo tudo... E eu queria, só de vez em quando, não querer tanto dela.
Tem dias que me pergunto encarando o espelho:
- Porque esse nó na garganta?
- Calma, calma, é só amor acumulado.
Minha imagem responde.
Deito na cama ouvindo Chico. Chico me diz que tudo vai passar... Fico tão tranqüila, até parece paz... Me engano tanto. Na verdade, é ausência de qualquer outra coisa... Queria um passaporte pra poder fugir sempre que desse tudo errado, sempre que o precipício estivesse à beira da minha cama e o medo batesse à minha porta forte demais... Minha asa tá assim, quebrada, depenada, partida e eu nem sei por quê. Mas olha, deixei há algum tempo de me preocupar com “porquês”. Falta à vida qualquer tipo de resposta... E acho mesmo que deve ser isso o que vale a pena: as descobertas que fazemos às cegas, no escuro, com medo de apalpar qualquer coisa que morda. Desculpe-me se minha carência parece gritar e eu fico aqui, falando como se você pudesse me ouvir. Sei que não pode, mas gosto muito de mentir pra mim. Fico dizendo esse monte de bobagens pra não ser tão má comigo mesma... Tenho me perdoado tanto. E o perdão engrandece a gente...
Tem dias que me pergunto encarando o espelho:
- Porque esse nó na garganta?
- Calma, calma, é só amor acumulado.
Minha imagem responde.
Deito na cama ouvindo Chico. Chico me diz que tudo vai passar... Fico tão tranqüila, até parece paz... Me engano tanto. Na verdade, é ausência de qualquer outra coisa... Queria um passaporte pra poder fugir sempre que desse tudo errado, sempre que o precipício estivesse à beira da minha cama e o medo batesse à minha porta forte demais... Minha asa tá assim, quebrada, depenada, partida e eu nem sei por quê. Mas olha, deixei há algum tempo de me preocupar com “porquês”. Falta à vida qualquer tipo de resposta... E acho mesmo que deve ser isso o que vale a pena: as descobertas que fazemos às cegas, no escuro, com medo de apalpar qualquer coisa que morda. Desculpe-me se minha carência parece gritar e eu fico aqui, falando como se você pudesse me ouvir. Sei que não pode, mas gosto muito de mentir pra mim. Fico dizendo esse monte de bobagens pra não ser tão má comigo mesma... Tenho me perdoado tanto. E o perdão engrandece a gente...
Vez em quando tudo que nos resta, é nos perdoar. Por tudo aquilo que fomos e que não fomos, pelo o que fizemos e deixamos de fazer. Pelo amor que não damos, por medo ou por falta de oportunidade. Hoje, o dia é escuro, amanhã vai abrir o maior sol. Pode crer.
ResponderExcluirE quem disse que é preciso impedir os dias? Aí é que está a graça.
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