sexta-feira, 7 de junho de 2013

São Valentim.

Mais importante do que o corpo que entreguei a ela, foi a parte da minha alma que seu amor roubou. Minto. De mim, o seu amor nada roubou, nada levou. Ela nada tirou de mim. Ao contrário, só fez me devolver, restituir, trouxe alguma parte da minha Atlântida perdida, desconhecida por completo dentro desse oceano que, até então, escondia meu país despovoado, meus vazios ocupados por ninguém, minha terra sem rainha. Dizem que amor é sentimento que provoca ataques te ternura e desejos de trapezista. O que te deixa deliciosamente louco. Aquilo que não se explica e, mesmo assim, a gente sente a cada minuto na pele, na alma, nos silêncios do dia. À noite, antes de dormir, quem nos ama mesmo ausente, beija a nossa face. Amor é não deixar de sentir a presença do outro mesmo quando ele não está. É por isso que acho que amo. Porque não sei não senti-la. Ela simplesmente habita a minha existência. Acompanha-me aonde vou e aprova o que faço com um sorriso e um balançar de cabeça. Imagino o que ela diria se ouvisse a mesma piada que ouço e, por vezes, até escuto sua sonora gargalhada. Às vezes acho que o amor é uma extensão de mim. Ela é extensão de mim. A distância angular que nos reparte, a linha em que desapareço para ela aparecer, desconheço.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Carta.

Olá, meu amor, hoje é um dia comum. Hoje não completamos mais um período de tempo. Não é nem o meu, nem o seu, nem o nosso aniversário. Hoje é uma sexta-feira como poderia ser e será a sexta-feira na vida de qualquer pessoa, mas em meu caso é diferente. Eu tenho você. Sei que ouvindo isso você pensará: “meu amor adora inventar”. E vai sorrir. E talvez seja exatamente por isso que te escrevo. Pelo puro prazer de ver seu rosto se iluminar e constatar com orgulho que conquistei - sem a ajuda de ninguém - a única pessoa no mundo que tem duas covinhas suaves e delicadas no mesmo lado da face. E não pense que te escrevo somente para exaltar sua beleza, inteligência e encanto. Escrevo também para elevar meu ego porque, escrevendo, me dou conta de que fui eleita - por algum motivo que desconheço - a dona do seu coração. Te escrevo para que não nos esqueçamos das alegrias que só o amor é capaz de trazer. Não posso permitir que o tempo nos paralise, nos afaste, nos engula. Eu quero estar ao seu lado enquanto posso, enquanto a vida me dá sua benção mais sincera. Li um dia desses que maturidade é quando a gente deixa de ter a incerteza de com quem vai dormir para ter a certeza de com quem quer acordar. Eu quero estar nesse lugar de quem compartilha não somente a cama com você, mas o que continua presente e pulsante depois do desejo saciado. Com você eu quero saciar a fome que tenho de vida. A fome que tenho de descobrir para que serve esse mundo vilão, tantas vezes mocinho, quando amamos alguém e nos abrimos ao amor. Dizem que a vida se torna muito mais fácil quando descobrimos onde estão os beijos dos quais precisamos. Em você descobri o sentimento que busquei por algum tempo sem encontrar em ninguém. O que encontrava sempre era a minha própria vontade de amar e entregar esse amor a alguém que me fizesse plena. Em você descobri carinhos nunca sentidos. Descobri sua mão tocando meu rosto e apaziguando minhas lutas internas. Com você descobri uma paz diferente. Não a paz silenciosa e tranqüila do sonho, mas a paz da realidade encontrada na gargalhada de quem se ama, a paz de ouvir do outro lado da linha, do outro lado da cidade, alguém que abaixa a voz para perguntar: Você me ama? A mesma paz de poder responder que sim, mil vezes sim, porque o amor é a maior de todas as hipérboles. É a hipérbole que a gente exagera feliz e sem culpa. Sem medo do ridículo. O amor é ridículo porque não existe nada tão belo e puro como amar verdadeiramente uma pessoa e querer o seu bem. Querer escutar o que o outro comeu no almoço, no lanche da tarde e no jantar e sorrir anestesiado e bobo ao concluir que esse ser que você escolheu para chamar de seu é a pessoa que não liga de responder suas perguntas mais tolas e ainda cheira o seu pescoço depois. Se enrola em seu abraço. E te sorri de volta, confortando e dando sentido à sua existência. Nunca senti remorso de te amar. Te amar só me fez melhor. Te amar me fez mais responsável e mais preocupada, mas também me deixou leve. Me orgulho de sua identidade. Da pessoa que você se torna a cada dia. Das suas transformações. Dos seus novos passos. De suas novas aberturas. Não quero que você se confunda e se esqueça das coisas lindas que é capaz de realizar. Do quão longe pode chegar quando acredita em si. De como fica radiante quando tem fé. Não é isso que é amar? Querer junto, torcer junto, sofrer junto e comemorar junto depois, quando passa a aflição e vem o sossego? Eu queria tanto, mas tanto, que todo mundo tivesse a mesma sorte que eu. Porque gostar de alguém é muito fácil, mas ninguém gosta sozinho. É preciso que existam duas pessoas que estejam dispostas a tentar, a fazer dar certo, a lutar todos os dias. A desligar o telefone com raiva e ter coragem o bastante para engolir o orgulho, calçar a cara e ligar de novo para pedir desculpas e dizer que bom mesmo é desligar o telefone com o coração feliz, com a aura clara e o aconchego de saber-se e sentir-se realmente escutado, cuidado e querido. Eu quero te amar, meu amor. Quero ser suficientemente digna para merecer comemorar com você sempre que vencermos as artimanhas da vida. Porque quando você ganha, eu ganho duas vezes.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Ás vezes é preciso dormir, dormir muito. Não para fugir, mas para descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida porque tudo, absolutamente tudo, devora a gente. Inteira.

Marla de Queiroz

sábado, 29 de dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O velho termina.


Sinto que perdi algo que me era essencial. E quando tento captar o que foi, percebo que não há tempo. É extremamente difícil dizer adeus. Dizer adeus aos castelos de areia porque os moinhos da vida não poupam ninguém. A maturidade, o desenrolar do novelo, as guerras travadas com o mundo só para sermos o que somos, tudo isso vai transformando a gente em alguma coisa sem nome e sem definição. Amadurecer é preciso, transforma-se é preciso, viver é preciso em dobro. Cada vez que a ostra se abre, ela apresenta - com orgulho - uma pérola diferente. E por mais que a ostra pareça sempre a mesma, aos olhos dos outros, cada pérola criada a recria de novo também. Assim como as ostras, nossas obras primas nos modificam constantemente. O pesar de tudo isso, é que nunca sabemos se mudamos positiva ou negativamente. A gente só se parte, se perde ou se encontra. Só voltamos para alguém, para nós mesmos ou ficamos com a janela aberta esperando, com a palavra no vento, com o telefone chamando sem resposta. A gente só vai ou fica. Mas nunca fica igual. E é exatamente isso que "empedrece". Empedrecer é um verbo que não existe, no entanto não há nada tão verdadeiro quanto o tempo nos transformando em pedra. Defesas mal construídas, argumentos calados, as opiniões que não demos, que demos em horas  impróprias ou que recebemos sem pedir, as dores que não encontraram cura e ficaram empoeiradas em algum canto da alma... Nada passou despercebido porque na alfândega da vida, tudo isso pesou nossa bagagem. Sim, é hora de dizer adeus. Dizer adeus ao que pesa e não tem utilidade. Dizer adeus ao que fui, ao que foi bom, ao que fez feliz e que virou simples enfeite de sala de estar. Ao que já me acostumei mas, de tão antigo, nem chego a reparar. Ao que talvez, agrade à minha mãe, à minha avó, à minha tia, à vizinha lá da esquina, mas que no meu pulsante coração não desperta nem saudade. E pelo novo, pelo belo, pelo gostoso de sentir, vou continuar esperando. Porque ainda não me cansei. Ainda não me cansei de esperar por coisas boas. Ainda não me cansei de deixar que minhas pérolas me transformem. Ainda não estou pronta e preciso ser recriada de tempo em tempo. Ainda quero encontrar as respostas para esse algo imenso que é estar viva porque não sei para que serve. Estou cheia de barbantes que querem ser nós apertadíssimos. Nem bem comecei a viver. E o tempo me faz de boba... Ele não liga se tenho pressa porque já viveu o suficiente para saber que atropelar o curso natural da vida é uma bobagem irreversível. Não passamos, desde o dia em que nascemos, de uma promessa do tempo. Para 2013 EU SÓ QUERO ME VIVER.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Olha a lua mansa
Se derramar
Ao luar descansa
Meu caminhar
Meu olhar em festa
Se fez feliz
Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz

(por onde for quero ser seu par)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

16 meses.

Tudo o que você fala, eu completo e vice-versa. As meninas olham admiradas. "Nossa, parece que vocês se conhecem há uns dez anos." "Também acho." - Respondo. E acho mesmo. Olho pra você, coloco um fiozinho de cabelo teimoso atrás de sua orelha, deito em seu ombro e não ligo para os olhares das outras mesas. Talvez pela cerveja que tomei ou por não dar a mínima pra quem não entende, pra quem não curte, pra quem não percebe a força que emana de nossos quatro olhos se encontrando. É mais do que afinidade de olhares, de gestos, de palavras. É uma afinidade de almas. Almas que se encaixaram, que se souberam desde aquele princípio incerto. É uma baita mentira toda essa história de amor sem falhas. De história perfeita, sem arrependimentos ou crise. Amar alguém é uma verdadeira montanha-russa. E, como tudo nessa vida, só tem 50% de chances de dar certo. O fato é que, entre tantas outras coisas, você me tornou mais mulherzinha - e não falo só das unhas pintadas todos os fins de semana, ou das milhares de vezes que me olho no espelho até você chegar - falo da vontade enorme de cuidar do nosso amor, de cultivá-lo, de recriá-lo sempre que o coração precisar de mudanças, de novos hábitos. Falo desse desejo imenso de consumir você sem jamais reduzir seu tamanho, sua intensidade, sua forma. Quero ser alguém com quem você possa esquecer das contas, dos afazeres, dos sacrificos e respirar. Não suspirar de ansiedade ou remorso. Apenas respirar mesmo. E repousar a cabeça no meu colo, como só você sabe fazer. Acho até que é um dom o modo como você se encolhe e se aproxima e se encaixa nos meu braços, o que me faz ter vontade de passar horas sentindo o cheiro do seu shampoo. Eu quero ser sua amante, sua amiga, sua cúmplice, ou qualquer coisa que te afague mas que saiba te devolver sempre que for preciso. Mesmo falha, fraca, cheia de defeitos, eu quero te dar essa porção de amor que tenho no peito. Das coisas que já passaram, sobre as quais você me pergunta algumas vezes, eu realmente não quero mais pra gente. Se fui ferida, se feri você, quem machucou mais, quem compreendeu menos. Não vamos falar disso. Não hoje. E não é frieza, não é falta de força, não é falta de coragem de lembrar. É essa certeza que carrego, aqui dentro, de que a gente foi sempre mais aconchego do que dor. É coragem pra continuar me orgulhando da gente quando alguém diz: "Que gracinha, faz tempo que não vejo tanto carinho assim." Nosso amor nunca ficou na superfície. Sou completamente apaixonada pelas suas peles camufladas. Pela doçura e delicadeza que você mostra pra mim e pras pessoas que ama, quando resolve que é hora de recolher as garras e descansar dessa luta diária.  Você ainda insiste em dizer que estou linda (mesmo nos dias em que nem minha mãe seria capaz de me achar linda). Que estou crescida. Que amadureci. Tantas dessas coisas são só a casca, baby. Porque no fundo, eu continuo sendo aquele bichinho com sorriso bobo que não sabia a diferença entre um cartão de crédito e um de débito. Aquela coisinha assustada que achava que a vida inteira se resumia em amor. Acredite se quiser, ainda acho. É amor que a gente busca o tempo inteiro. É amor que a gente sente falta quando o vazio disputa espaço com todas as células do nosso corpo. Com todas as neuroses humanas, as verdades subjetivas, os pesares que a gente carrega sem nem ter aptidão pro sofrimento, pro amor, que insiste em fazer morada, tem sempre um território desocupado. O amor no nosso dia, tem sempre um lugar só dele. Uma espera compensada com a presença do outro. Depois da faculdade, do trabalho, das obrigações todas, é só amor que a gente quer, não tem ansiolítico que resolva. E é assim até para os mais modernos, os letrados, os poderosos, os cheios de charme. E comigo, não seria diferente... Nas horas vagas, nos intervalos entre um email e outro, entre um ônibus e outro, entre uma fila de banco e um sinal de trânsito, é só amor que eu desejo. Amor vindo de todos os lugares. Amor, amor, amor. O seu amor. O nosso.