Tá faltando.

É, parece mesmo que você veio do nada. Parece mesmo que o destino resolveu mais uma vez brincar com o meu silêncio, testar minhas certezas, soprar a minha vida feito bolhas de sabão...
Fazia tempo que o coração não pulsava desse jeito. Tanto tempo que já havia me esquecido como era parar de respirar na presença de alguém tão cheio de flor. Foi quase no fim de abril, quando as folhas ainda estão caindo das árvores... Embora tantas outras vezes eu já tivesse desejado parar pra ouvir sua voz. Foi tudo tão bonito. Tantos acasos conspirando a nosso favor. E eu fiquei quase feliz. Digo quase, porque a felicidade só veio de fato quando seus braços me envolveram naquela noite fria, dando-me talvez o seu melhor abraço. Quando deixei de ser imune ao seu sorriso. Quando soube enfim, que já era tarde pra impedir você de entrar. E tive só hoje, vontade três vezes de correr até você. Parecia desespero, mas no fundo era só saudade...
Uma saudade leve, dessas que a gente tem quando o coração tá aberto pra tudo. Você abriu meu coração, parece até mentira...
Fico imaginando o que você faz quando não tá no trabalho, como é que você cura suas feridas... Fico imaginando se você leva a vida como gostaria e se tem muitos segredos guardados. Eu posso lhe contar os meus se você quiser. Sabe, na minha vida tá tudo indo muito bem... Acho até que posso estar me encontrando, enfim. Mas tá faltando seu cheiro. Seu corte de cabelo. Aquela calça larga que eu adoro em você... É isso, tá te faltando. Queria poder te perguntar toda noite, se seu dia foi de paz ou se foi de guerra. Ou do nada, te surpreender cantando qualquer coisa assim, que me lembre da gente quando você tiver partido...
Resolve isso? Me pega pela mão? Me aceita com tudo o que trago? Com minhas duvidas e medos... Deixa eu tragar você? Cigarros nunca me chamaram a atenção. Meu vicio se chama amor e a gente pode ser tão feliz se embriagando dele. Pra sempre ou só pelo tempo que durar.