domingo, 30 de outubro de 2011

Re-amando.

É engraçado a maioria das pessoas querer tanto quando, na verdade, precisamos de tão pouquinho. O que pra tantos não seria nada, pra gente sempre bastou. Dessas pequenas coisas que hoje em dia são feias de sentir. Não pedimos muito. O simples vindo de dentro é que encanta. E porque gostar demais anda um tanto fora de moda, já era de se esperar que eu quisesse mesmo um amor antigo. Um amor quentinho. Um banco de praça só nosso. Um desses namoros de portão. Não gosto da moda, você sabe. Acho breguíssimo gostar do que todo mundo gosta. Querer o que todo mundo quer. Por isso insisto no que já não se vê por aí. Enlouqueci muitas vezes, mas nunca quis estar em outro lugar. Nos dias mais difíceis, enquanto o barco afundava, e a gente tirava a água com a concha das mãos, eu sabia que era impossível saltar. Eu torcia pra você me prender. Me segurar. Me dizer que conseguia ver, mesmo com a maré tão alta, uma porção de terra não muito longe dalí. Você não precisava dizer nada. Assim mesmo, eu não pularia. Eu via a terra. Eu acreditava nela e sabia que, se o barco afundasse, eu conseguiria nadar cachorrinho até a praia. Talvez meus braços e pernas não fossem suficientes. Talvez me faltasse o ar. Eu não sei nadar cachorrinho. Mas eu precisava me agarrar à alguma coisa, entende? Eu não podia pular sem você. E sobretudo, eu não queria pular. Eu mentalizava. Eu recordava. Eu sabia: Meu coração é fraco. E só pela gente ele foi tão forte. Mesmo na divisa. Na fronteira. No espaço que te detinha. Não havia o fim da nossa história. Era cedo demais. Eu queria você. Eu quero você como quero a vida. Desejei um punhado de facilidades e tudo me mostrava, o tempo todo, que é o difícil que nos mantém vivos. Tive medo do nosso amor envelhecer. Logo depois, tive a certeza de que, pra não acabar, ele precisava ser maduro. E hoje só acho que não existe segredo nenhum. Receita nenhuma. O amor só existe ou não. E se ele existe, é a gente quem decide se fica ou se esquece. Ficamos. A ciência inventou os remédios pra dormir mas não inventou os remédios pra amar. E quando a gente dorme, o amor não passa. Por isso fico. E vou ficar enquanto você for o meu remédio e eu for o seu. Enquanto os dias sem você são apenas dias e as noites sem você são apenas noites. Enquanto me irrita não ser a única coisa da sua vida ao mesmo tempo em que me rendo completamente ao modo como você quer acolher o mundo debaixo de suas asas, encontrando-se e perdendo-se nessa sede de ser e de fazer feliz. Fico, meu amor, enquanto me forço a aprender que sou o seu bem e não a sua dona. E que tentando te amar melhor é que estou te amando mesmo. Da maneira que me cabe.

2 comentários:

  1. Ai Vick, de vez em quando eu entro aqui só pra ler de novo os textos que eu já li. E de novo e de novo. Tem dia que a gente precisa né? Ler até gravar aquilo na alma. Seus textos são desse tipo.... se eu pudesse eu gravava na alma, que é pra não esquecer e nem perder por aí...

    Beijo !

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  2. Que lindo Yayá! Me senti lisongeada, de verdade. Muitíssimo obrigada e seja muito bem vinda sempre que sentir vontade de voltar.
    Um sorriso.

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