quinta-feira, 9 de maio de 2013

Carta.

Olá, meu amor, hoje é um dia comum. Hoje não completamos mais um período de tempo. Não é nem o meu, nem o seu, nem o nosso aniversário. Hoje é uma sexta-feira como poderia ser e será a sexta-feira na vida de qualquer pessoa, mas em meu caso é diferente. Eu tenho você. Sei que ouvindo isso você pensará: “meu amor adora inventar”. E vai sorrir. E talvez seja exatamente por isso que te escrevo. Pelo puro prazer de ver seu rosto se iluminar e constatar com orgulho que conquistei - sem a ajuda de ninguém - a única pessoa no mundo que tem duas covinhas suaves e delicadas no mesmo lado da face. E não pense que te escrevo somente para exaltar sua beleza, inteligência e encanto. Escrevo também para elevar meu ego porque, escrevendo, me dou conta de que fui eleita - por algum motivo que desconheço - a dona do seu coração. Te escrevo para que não nos esqueçamos das alegrias que só o amor é capaz de trazer. Não posso permitir que o tempo nos paralise, nos afaste, nos engula. Eu quero estar ao seu lado enquanto posso, enquanto a vida me dá sua benção mais sincera. Li um dia desses que maturidade é quando a gente deixa de ter a incerteza de com quem vai dormir para ter a certeza de com quem quer acordar. Eu quero estar nesse lugar de quem compartilha não somente a cama com você, mas o que continua presente e pulsante depois do desejo saciado. Com você eu quero saciar a fome que tenho de vida. A fome que tenho de descobrir para que serve esse mundo vilão, tantas vezes mocinho, quando amamos alguém e nos abrimos ao amor. Dizem que a vida se torna muito mais fácil quando descobrimos onde estão os beijos dos quais precisamos. Em você descobri o sentimento que busquei por algum tempo sem encontrar em ninguém. O que encontrava sempre era a minha própria vontade de amar e entregar esse amor a alguém que me fizesse plena. Em você descobri carinhos nunca sentidos. Descobri sua mão tocando meu rosto e apaziguando minhas lutas internas. Com você descobri uma paz diferente. Não a paz silenciosa e tranqüila do sonho, mas a paz da realidade encontrada na gargalhada de quem se ama, a paz de ouvir do outro lado da linha, do outro lado da cidade, alguém que abaixa a voz para perguntar: Você me ama? A mesma paz de poder responder que sim, mil vezes sim, porque o amor é a maior de todas as hipérboles. É a hipérbole que a gente exagera feliz e sem culpa. Sem medo do ridículo. O amor é ridículo porque não existe nada tão belo e puro como amar verdadeiramente uma pessoa e querer o seu bem. Querer escutar o que o outro comeu no almoço, no lanche da tarde e no jantar e sorrir anestesiado e bobo ao concluir que esse ser que você escolheu para chamar de seu é a pessoa que não liga de responder suas perguntas mais tolas e ainda cheira o seu pescoço depois. Se enrola em seu abraço. E te sorri de volta, confortando e dando sentido à sua existência. Nunca senti remorso de te amar. Te amar só me fez melhor. Te amar me fez mais responsável e mais preocupada, mas também me deixou leve. Me orgulho de sua identidade. Da pessoa que você se torna a cada dia. Das suas transformações. Dos seus novos passos. De suas novas aberturas. Não quero que você se confunda e se esqueça das coisas lindas que é capaz de realizar. Do quão longe pode chegar quando acredita em si. De como fica radiante quando tem fé. Não é isso que é amar? Querer junto, torcer junto, sofrer junto e comemorar junto depois, quando passa a aflição e vem o sossego? Eu queria tanto, mas tanto, que todo mundo tivesse a mesma sorte que eu. Porque gostar de alguém é muito fácil, mas ninguém gosta sozinho. É preciso que existam duas pessoas que estejam dispostas a tentar, a fazer dar certo, a lutar todos os dias. A desligar o telefone com raiva e ter coragem o bastante para engolir o orgulho, calçar a cara e ligar de novo para pedir desculpas e dizer que bom mesmo é desligar o telefone com o coração feliz, com a aura clara e o aconchego de saber-se e sentir-se realmente escutado, cuidado e querido. Eu quero te amar, meu amor. Quero ser suficientemente digna para merecer comemorar com você sempre que vencermos as artimanhas da vida. Porque quando você ganha, eu ganho duas vezes.

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