Olá, meu
amor, hoje é um dia comum. Hoje não completamos mais um período de tempo. Não é
nem o meu, nem o seu, nem o nosso aniversário. Hoje é uma sexta-feira como
poderia ser e será a sexta-feira na vida de qualquer pessoa, mas em meu caso é
diferente. Eu tenho você. Sei que ouvindo isso você pensará: “meu amor adora inventar”. E vai sorrir. E talvez seja exatamente
por isso que te escrevo. Pelo puro prazer de ver seu rosto se iluminar e
constatar com orgulho que conquistei - sem a ajuda de ninguém - a única pessoa
no mundo que tem duas covinhas suaves e delicadas no mesmo lado da face. E não
pense que te escrevo somente para exaltar sua beleza, inteligência e encanto.
Escrevo também para elevar meu ego porque, escrevendo, me dou conta de que fui
eleita - por algum motivo que desconheço - a dona do seu coração. Te escrevo
para que não nos esqueçamos das alegrias que só o amor é capaz de trazer. Não
posso permitir que o tempo nos paralise, nos afaste, nos engula. Eu quero estar
ao seu lado enquanto posso, enquanto a vida me dá sua benção mais sincera. Li
um dia desses que maturidade é quando a gente deixa de ter a incerteza de com
quem vai dormir para ter a certeza de com quem quer acordar. Eu quero estar
nesse lugar de quem compartilha não somente a cama com você, mas o que continua
presente e pulsante depois do desejo saciado. Com você eu quero saciar a fome
que tenho de vida. A fome que tenho de descobrir para que serve esse mundo
vilão, tantas vezes mocinho, quando amamos alguém e nos abrimos ao amor. Dizem
que a vida se torna muito mais fácil quando descobrimos onde estão os beijos
dos quais precisamos. Em você descobri o sentimento que busquei por algum tempo
sem encontrar em ninguém. O que encontrava sempre era a minha própria vontade
de amar e entregar esse amor a alguém que me fizesse plena. Em você descobri carinhos
nunca sentidos. Descobri sua mão tocando meu rosto e apaziguando minhas lutas
internas. Com você descobri uma paz diferente. Não a paz silenciosa e tranqüila
do sonho, mas a paz da realidade encontrada na gargalhada de quem se ama, a paz
de ouvir do outro lado da linha, do outro lado da cidade, alguém que abaixa a
voz para perguntar: Você me ama? A mesma paz de poder responder que sim, mil
vezes sim, porque o amor é a maior de todas as hipérboles. É a hipérbole que a
gente exagera feliz e sem culpa. Sem medo do ridículo. O amor é ridículo porque
não existe nada tão belo e puro como amar verdadeiramente uma pessoa e querer o
seu bem. Querer escutar o que o outro comeu no almoço, no lanche da tarde e no
jantar e sorrir anestesiado e bobo ao concluir que esse ser que você escolheu
para chamar de seu é a pessoa que não liga de responder suas perguntas mais
tolas e ainda cheira o seu pescoço depois. Se enrola em seu abraço. E te sorri
de volta, confortando e dando sentido à sua existência. Nunca senti remorso de
te amar. Te amar só me fez melhor. Te amar me fez mais responsável e mais
preocupada, mas também me deixou leve. Me orgulho de sua identidade. Da pessoa
que você se torna a cada dia. Das suas transformações. Dos seus novos passos.
De suas novas aberturas. Não quero que você se confunda e se esqueça das coisas
lindas que é capaz de realizar. Do quão longe pode chegar quando acredita em si. De como fica radiante quando tem fé. Não é isso que é amar? Querer
junto, torcer junto, sofrer junto e comemorar junto depois, quando passa a
aflição e vem o sossego? Eu queria tanto, mas tanto, que todo mundo tivesse a
mesma sorte que eu. Porque gostar de alguém é muito fácil, mas ninguém gosta
sozinho. É preciso que existam duas pessoas que estejam dispostas a tentar, a
fazer dar certo, a lutar todos os dias. A desligar o telefone com raiva e ter
coragem o bastante para engolir o orgulho, calçar a cara e ligar de novo para
pedir desculpas e dizer que bom mesmo é desligar o telefone com o coração
feliz, com a aura clara e o aconchego de saber-se e sentir-se realmente
escutado, cuidado e querido. Eu quero te amar, meu amor. Quero ser
suficientemente digna para merecer comemorar com você sempre que vencermos as artimanhas da vida. Porque quando você ganha, eu ganho duas vezes.
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