sábado, 7 de maio de 2011

Todas essas coisas.

Por todos os brincos derramados pelo chão do quarto. Pelos grampos que caíram do meu cabelo pra se perderem sobre o seu. Pela nossa festa. Pela nossa folia. Pela nossa embriaguez de sonho. Pelo romance e pela música. Por tudo o que eu não disse. Por tudo o que você escutou antes que eu precisasse dizer. Pelo sofá branco e pelo tapete vermelho onde tudo é certeza. Por todas as certezas que nos faltam. E pelas dúvidas que a gente não tem. Por aquela vez em que eu te amei com medo de ser a última. E pela janela pela qual eu te espero chegar. Pelas escadas que não acabam nunca quando o seu colo é a minha busca. E pelo cheiro que fica em minha roupa depois que a tarde vai embora. Pelo ciúme. Pela palpitação. Pelo desatino. Por ficar sem lugar quando você não está. Por esquecer a política, a guerra, o tráfico, a fome, o desperdício, a falta, a miséria. Por esquecer o que machuca e lembrar do amor como religião. Como prece. Como a única coisa que vale qualquer ferida aberta. Por saber que ele é também o único remédio. A única resposta. Por querer me atirar nesse carnaval. Nesse pedaço de caminho que não é mal porque desperta. Porque acelera. Porque acende. Porque tem inúmeras curvas mas termina sempre onde a intensidade faz ponte com a beleza. Onde a gente perde o jogo das pernas. Onde a razão vira poeira. Onde o tempo não existe e o único espaço é aquele que separa seu corpo do meu. Pelo jeito como você cuida dos seus pais. Pela sua proteção. Pela saudade que, todos os dias, te traz de volta pra mim. Pela sua gargalhada que me cura. Pela mensagem na madrugada. Pelo telefonema sem pressa. Pelo sussurro ao pé do ouvido. Pela chama que não apaga. Pelo furinho no seu pé esquerdo. Pela forma como você beija as minhas mãos. Pelos seus olhos que não sabem o que é pudor. Pelo pudor que não nos interessa. Pela sede que a gente mata. Pelas milhares de cartas que quero te escrever. Pelo lugar onde você para o carro pra me mostrar a lua. Pela lua que nunca está lá e é sempre como se estivesse. Pelas vezes em que você disse que eu sou a única. Pelas vezes em que você disse que eu sou a última. Pelas vezes em que você não disse nada e eu pude ouvir no seu silêncio. Pelo par ou ímpar. Por darmos risada do medo. Por chorarmos. Pela primeira vez em que você disse "estou te amando" e eu fechei os olhos pra imaginar cada sílaba saindo da sua boca. Pelo que ficou para trás depois que você veio. Pelo futuro de mãos dadas na pracinha. Pelo dia em que tudo será mais fácil. Pelo amanhã em que a gente não vai precisar se desculpar. Se desculpar por gostar demais. Por querer demais. Por não saber o que é ter alguém só um pouquinho e ter pressa de viver. Porque tudo isso tem me vestido. Tem me preenchido. Tem me feito. E ninguém imagina. Ninguém imagina como eu cresço ao seu lado e fico cheia de mim. E fico achando o mundo errado demais e feio demais pra comportar sentimentos tão bonitos. Só pra depois, logo em seguida, ter certeza de que não há lugar melhor pra se viver, porque foi bem aqui que te encontrei. E é aqui que o tempo para. O vento bate no seu cabelo e o meu suspiro não cabe dentro de mim. É aqui que tenho achado viver a coisa mais gostosa do mundo embora, muitas vezes, não exista nada tão difícil. A grande verdade é que não preciso mais de maquiagem. Me pintei com a vontade de não deixar você ir embora. Sabe, dessa fantasia eu não vou me despir. E pra terminar, meu amor, "eu só liguei porque te amo".

Um comentário:

  1. Essas coisas pequenas, esses momentos ímpares são os que realmente valem, né? Seu texto é lindo e incrivelmente apaixonado. Qualquer um que lê consegue sentir isso.

    beijos, coração.

    ResponderExcluir